quinta-feira, 10 de novembro de 2011

CONTRIBUTO PARA A HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DO “GRUPO MUSICAL TUDO POR AMOR” DE CANIDELO



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CONTRIBUTO PARA A HISTÓRIA DA  FUNDAÇÃO DO
“GRUPO MUSICAL TUDO POR AMOR”
DE CANIDELO EM VILA NOVA DE GAIA


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A FUNDAÇÃO DO “GRUPO MUSICAL TUDO POR AMOR”


Não possuo documentos originais e, aqueles que existiam que deram origem à fundação por acta, esses desapareceram ou é difícil de os encontrar. As histórias que assolaram sobre a fundação do Grupo Musical Tudo Por Amor, foram escritas, algumas, muito recentemente (creio que no jornal "O Pêndulo" e, foram-no ditadas pela pessoa que mantinha a sua supremacia por interesse próprio; a vaidade). Aquilo que sei porque meu pai me contou é que, MUITAS MAIS PESSOAS, MUITOS MAIS CANIDELENSES, para além daqueles que são citados, na acta, fizeram parte na preparação organizacional e na preparação material e infra-estrutural para a primeira Sede do Grupo. NA altura mais de 15 ou 20, ou mais. A primeira Sede do grupo foi um minúsculo casebre, sem condições, em chão de terra, em paredes de pedra à vista (mais buracos que pedra) em telhado de telha vã e sem forro. A força braçal de todos e o desejo de se possuir aquele Grupo, fez com que nascesse uma casa nova, com o trabalho aos domingos de manhã, único dia de descanso naquela época (anterior a 1936; antes de existirem actas e antes de alguém se sobrepor; pelo desejo e a ânsia). Uns de pedreiro, outros de trolha, uns a pôr chão, outros de carpinteiro a fazerem tectos. Assim se construiu uma Sede com Amor. Assim, um grupo de amigos fiéis a uma ansiedade, concluiu, eles sim, aquilo a que se propuseram. (depois, outro ou outros foram os desejosos de se salientarem para a primeira direcção) (muitos dos que trabalharam e deram o seu suor viram-se gorados). Hoje, o nome principal que consta como fundador, nem tão-pouco ou um só pouco se sacrificou. A arrogância e a vaidade fizeram aquilo que hoje está à vista (levo-vos a pessoa que o afirma e confirma). Devido a que tudo se conseguiu com o esforço e o trabalho dedicado daquele grupo (grande grupo e não somente 2 ou 3 pessoas) um dos nomes propostos foi "Grupo Musical Tudo Por Amor". A fundação deste Grande Clube, deve-se a toda uma POPULAÇÃO CANIDELENSE que ajudou e colaborou também; Só um SER SUPERIOR fez o Mundo, sim, mas não aquele mundo. O GRUPO MUSICAL TUDO POR AMOR, - O Mundo dos Canidelenses - foi pensado, realizado e construído por um GRANDE E PRESTIGIADO NÚMERO DE CANIDELENSES A RESPEITAR E A DAR HONRA. HONRREMOS TODOS OS NOSSOS ANTEPASSADOS QUE DERAM VIDA A ESTE GRUPO MUSICAL PORQUE ELE NÃO NASCEU COM VARINHA DE CONDOM POR UM SIMPLES TOQUE DE UMA SIMPLES PESSOA. FOI O TRABALHO DOS VOSSOS PAIS, CAROS CANIDELENSES, QUE LEVANTOU ESTE GRANDE GRUPO; TUDO FOI FEITO POR ELES E, ELES TUDO O FIZERAM POR AMOR .


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Ao ser solicitado um nome para o clube, cuja escolha foi realizada pelo mais sugestivo, apareceram vários, como será de calcular. O nome proposto (em papel dobrado em cruz) e que foi o escolhido, foi por um Candalense, Alexandre Monteiro; Grupo Musical Tudo Por Amor.

João da mestra


Faltou acrescentar aquilo que, pela voz de conterrâneo de 84 anos me foi contado há mais de ano e, que, inclusive me deu a inspiração para o poema que criei sobre as Rusgas ao Senhor da Pedra, publicado no meu blogue de Canidelo. Menciono-o no final;


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Existiam, à época, vários GRUPOS DE TOCADORES de vários instrumentos de corda e por ventura de outros, em toda a freguesia de Canidelo.

Cada grupo de tocadores pertencia a um grupo de cantares denominado por RUSGA; ou, poderia estar ligado, a uma “RUSGA”.

Era grande a rivalidade existente entre as rusgas que se “digladiavam” – disputavam seria o termo mais perfeito - para que cada uma por si fosse a melhor. Esse sentir, transmitia a mesma rivalidade aos tocadores.

Os tocadores disputavam-se e, não raras vezes “saltavam” de uns grupos para outros. Isso gerava ainda mais a “digladiação” musical entre os grupos.

Aquilo que na altura se via como uma “guerrilha” musical entre os grupos, chegando a ter consequências às vezes menos próprias, era, no fim e visto por cabeça fria, “saudável Musicalmente”. Cada um, cada elemento e cada grupo tentava a todo o custo o seu aperfeiçoamento cultural e musical.

Vários nomes de tocadores com grande perícia e saber me chegaram ao conhecimento. Recordo o Saudoso e, meu amigo que o foi, Senhor José Teixeira, de Canidelo (que há dias homenageei) e, o senhor Victor ……… do Meiral que, tinha eu 14 anos me deu alguns toques e dicas para me aperfeiçoar na viola; Foram eles dois tocadores de VIOLÃO, de dois grupos diferentes, cuja sua fama chegou aos ouvidos dos de hoje. Mas, muitos outros existiram. (um dia os trarei para aqui, porque estão já mencionados no meu livro de ouro). Entretanto, posso já adiantar o nome de Mário Nunes, um tocador de Cavaquinho que, várias vezes por convite de meu pai, foi tocar em rusgas ao Senhor da Pedra.

Chegaram-me ao conhecimento também os nomes de vários grupos de tocadores das rusgas, nas rusgas, para as rusgas ou simplesmente apartados delas; O Grupo de Tocadores de “OS CHALADOS” que, pertencia ao grupo da “Rusga dos Chalados”, onde, foi porta-bandeira a minha mãe e, onde, tocava violão o senhor Victor; O Grupo de Tocadores “OS MALAQUECOS”; O Grupo de Tocadores “OS PRIMAVERA” ; E AINDA OUTRO; - ESTE OUTRO não tinha nome, tinha amantes da música, tinha amantes por instrumentos de corda, tinha a vontade de construir um grupo - aquele que deu origem, que foi o embrião, AQUELE QUE, COM “TUDO POR AMOR”, PROVIDENCIOU, LUTANDO E TRABALHANDO PARA A ORGANIZAÇÃO DE UM NOVO GRUPO MUSICAL – AQUELE QUE VIRIA A SER O GRUPO MUSICAL TUDO POR AMOR.

Pela rivalidade entre os tocadores de vários grupos, todos tocadores de instrumentos de corda e de outros instrumentos acompanhantes, nasceu o GRUPO MUSICAL TUDO POR AMOR.

Só a partir daí é elaborada a acta da fundação.

Uma Nação não se conhece ou se distingue somente pela História, mas, sim, igualmente pela sua HONRADA PRÉ-HISTÓRIA.

Que a ASSOCIAÇÃO RECREATIVA CANIDELENSE SEJA CONHECIDA PELA SUA HISTÓRIA MAS, MAIS IMPORTANTE E DE MAIOR HONRA, QUE, IGUALMENTE O SEJA PELA SUA HONRADA PRÉ-HISTÓRIA. ESTA, É TAMBÉM A HONRADA “PRÉ-HISTÓRIA” DOS CANIDELENSES A QUE ELA PERTENCE E A QUEM ELA TANTO DEVE.

João da mestra, tem outros locais que atestam o que acima está escrito, que, segue:


Senhor da Pedra de 1935



RUSGA AO SENHOR DA PEDRA - CANIDELO 1937


FUI AO SENHOR DA PEDRA, A PÉ


Ao Senhor da Pedra Pequeno Em Canidelo de Vila Nova de Gaia






TRADIÇÃO DAS FAMILIAS DE CANIDELO - GAIA - CAMINHADA AO SENHOR DA PEDRA A MIRAMAR

Contributos para a história das Rusgas ao Senhor da Pedra, levadas a cabo por Canidelenses
http://palavrasmil-majosilveiro.blogspot.com/2010/05/tradicao-das-familias-de-canidelo-gaia.html



POEMAS DEDICADOS A CANIDELO DE VILA NOVA DE GAIA




Dedicação ao Senhor da Pedra - poemas reunidos



majosilveiro – João da mestra


Os poemas têm o pseudónimo de João da mestra

Os Blogues são montagem e propriedade de majosilveiro

As fotografias são exclusivas e propriedade de majosilveiro


Majosilveiro e João da mestra : - São a mesma pessoa

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

AINDA SOU DO TEMPO: - DOMINGOS DE PÁSCOA





AINDA SOU DO TEMPO; -



DOMINGOS DE PÁSCOA



Domingo de Páscoa. 1958. Antes das 8 horas da manhã já se reunia a Banda Musical.

Aos Quatro Caminhos em Canidelo de Vila Nova de Gaia, começam a chegar os instrumentistas. Instrumentistas que, vinham de todos os lados, com os ditos cujos às costas ou debaixo do braço, a pé, ou de bicicleta, cada qual conforme lhe dava mais jeito. (Nesse tempo não havia com facilidade autocarro ou, a camioneta, como se chamava então. E, ninguém tinha carro, que, era o automóvel ou viatura própria, hoje usada, “useira e vezeiramente”. Se tanto, teria bicicleta a pedal quem fosse mais rico. Lembro-me de meu pai ter uma bicicleta e uma mota, primeiro uma “C.Z.” e depois uma “Java” e, por via disso, era, então, riquíssimo. Os filhos eram os meninos ricos e de boa família que, andavam sempre bem vestidinhos e muito bem arranjadinhos – e, por acaso era).

Conforme chegavam, os músicos, iam-se encostando à parede da casa do Manduca, (casa com mercearia do saudoso casal senhor Castro, pais do meu amigo de infância, o saudoso António Castro – o Toninho, conforme lhe chamávamos em criança -, jornalista do J.N., que muito recentemente e, tão cedo nos deixou. O tempo, ainda muito frio, obrigava a que cada um procurasse locais de abrigo. Outros músicos iam abrigar-se de encontro ao muro do chamado palacete do Edmundo (saudoso vizinho que também já nos deixou), casa que ainda lá existe e, tudo está conforme nessa altura. No canto contrário, onde se ergue hoje o edifício chamado do Espírito Santo, devido aos escritórios daquela empresa e, anteriormente a garagem dos autocarros se situar ali, era outro muro de vedação de terrenos e pinheiral, onde se ajuntavam outros elementos.

Pelas certíssimas oito horas a banda estava formada. À frente, de batuta em riste, o maestro aguardava o último segundo, para, num ápice, fazer no espaço livre à sua frente, virado bem para os céus, o movimento quaternário, para, no primeiro tempo imediato a banda iniciar a tocar. E, PUM, o enorme bombo do percussão deu a batida no exacto momento do maestro baixar a sua batuta, ao terminar aquele movimento no ar; o compasso quaternário.

A Banda inicia a tocar a sua bem ensaiada marcha, enquanto inicia também a descer a Rua do Meiral, o Paço como então os antigos denominavam. As pessoas assumem-se às janelas, às portas, à rua; amontoam-se para ver e ouvir a banda a passar. Como é bela e maravilhosa a banda a tocar; a festa, a alegria. As marchas continuadamente desfilam provocado pelo forte sopro que faz sair os sons daqueles imensos instrumentos. Os sons pairam no ar; bela é a melodia, forte é a sonância, altos são os timbres, baixos os contra-baixos. A caixa marca o compasso, o bombo a cadência. O passo é certo e marcado, o desfile é perfeito em filas de 5 bem alinhado. Já passou ao clube dos Chalados, à casa do Agostinho mariola, (mariola era por parte da família da mulher, a minha tia em segundo grau – Emília -, irmã do meu avô -, EU SOU UM MARIOLA).

A banda está a chegar à casa de família das mestras (ou do mariola, ou ainda, do rasga-a-manta, - antigamente assim chamavam ao meu avô); às janelas se empoleiram as crianças - os mais novos, - por trás, seguram-nos os mais velhos. À porta da rua vêm os anciãos. É célere a passar. Passou. Vai já a ultrapassar a casa do saudoso senhor André alfaiate, um pouco mais abaixo. Surge ao jardim do Meiral e continua. Desapareceu na curva. Os sons esvaem-se. Nas crianças surge a melancolia.      

Recuei da janela na casa das mestras. Tinha sete anos. Agora só para o ano. Todos os anos era igual.         



João da mestra, 26 de Outubro de 2011

majosilveiro


Ainda sou do Tempo: Alcunhas e Apelidos de Canidelo





Ainda sou do tempo: -

Alcunhas e Apelidos de Canidelo



Sou o João, da mestra e do mariola rasga-a-manta. Filho da Inês da mestra e neto do António mariola, o rasga-a-manta. Bisneto da Rosa da mestra.

Vivíamos no Canidelo profundo, no século anterior, no tempo da outra senhora, (mas, qual senhora? Até usava chapéu de aba larga). Ouvia alguns assim dizerem, (1951 – 1974) no entanto, nunca via a senhora quando o diziam.

Tinha por tios o Manel ou Manelinho, também lhe chamavam o Manelzinho da mestra. (Deu um grande senhor. Lembram-se daquela enorme e conceituada casa comercial, Manuel Ferreira da Silva, na Rua de Santa Catarina, no centro do Porto, de ferramentas das mais conceituadas marcas estrangeiras? Ele a fundou há mais de 100 anos na Rua Mousinho da Silveira. Foi a mais importante da Península Ibérica. Pois saibam que, quando iniciou com aquela empresa o almoço ia-lhe à porta do trabalho levado à cabeça pelas mulheres que transportavam os baús em chapa, das lancheiras. Quando terminou, vencido pela velhice aos oitenta e tal, o almoço ia-lhe pelos mesmos meios e, vivíamos já na época do automóvel que ele nunca teve. Almoçava e, a mulher do baú esperava pelo dito, para o trazer de volta. Foi somente para comparar com a vidinha que uns tesos agora, com automóvel, levam e que almoçam em restaurantes diariamente. Claro que, as firmas não duram 75 anos, se tanto, 75 meses ou…, 75….dias).

Outro tio que tive, Agostinho mariola, tinha a camioneta de carga e mudanças na Estação das Devesas. Depois, passou a ter um táxi no mesmo local. O táxi inicial foi o “vinho verde”, o outro esqueci o nome. Também meu avô, António mariola, o filho da Rosa da mestra, teve o mesmo ofício, uma camioneta de transportes nas Devesas. Uma tia, a Emilinha da mestra, era a mulher do tio Agostinho mariola. Este que, por casamento  adoptou o apelido do cunhado, - mariola).

A vivência no Paço (nome antigo da Rua do Meiral) era familiar entre os vizinhos, porque todos se conheciam e viviam irmãmente (quando não havia esperas no cemitério que, era o local onde se ajustavam as contas. Ouvi várias vezes contar que, o meu avô, (mariola ou rasga-a-manta) que parece que não era de se ficar, quando lhe ficavam a dever do fornecimento do carvão de choça, do mesmo mas de bolas e das achas, tratava de receber fosse a que custo fosse e, o local de pagamento era na parte onde a rua (o Paço) passava entre muros, junto ao cemitério; uns sopapos bem dados e bem acertados era remédio santo. É que, naquele tempo não existiam firmas para cobranças difíceis. Certa vez ouvi também contar que, uma vez a quem acertaram o passo foi ao meu avô; enfim, quem dá também leva.

Os vizinhos todos se conheciam; Os “feijoeiras” família que morava ao lado, - a Clarinha feijoeira era a anciã. Do outro lado a família Braga, - o senhor Joaquim e a Rosinha Braga. A Miquinhas leiteira que, distribuía o leite pela freguesia. A família Bendeira (devia ser Vendeira, mas, lá, era a Bendeira) – Minha mãe tinha uma admiração e respeito pela anciã Bendeira porque era velha amiga da sua avó, quando viva. Sempre que precisava de saber algo antigo a respeito, ou de conselhos, era a ela que recorria. Os do Cravo, com vários ramos familiares.  Dos Lacerda “bufa”, uma enorme família. A família Coteiro (bem, poderá ser Cuteiro). Polona, uma família pobre e numerosa. A família do senhor Jaime da lenha, “o rei da acha”, porque negociava com aquela. O senhor André alfaiate, pessoa muito respeitada que tinha toda a família consigo na costura ( sentado na soleira, na porta principal, passava os meus dias a ver coser à mão, à máquina, a passar a ferro, ele a mulher e as filhas.)

E quem não conheceu o Jacinto? O São Cosme, assim lhe chamavam. Figura típica do lugar do Meiral. Era o paisinho, o baby siter, a ama, o entreteiner, que brincava na rua com as crianças, jogando ao peão, aos cowboys, aos polícias e ladrões, às escondidas, ao arco, que ia com magotes de catraiada roubar fruta à quinta do moinho e, que tomava conta de todas as crianças (porque ele era um homem com mais de trinta), nunca faltando com qualquer responsabilidade aos pais dos meninos.   

Na parte mais funda e mais antiga de Canidelo, chamemos-lhe a zona mais histórica da minha aldeia, existiam a família do senhor “Hermes”, o barbeiro; fantástica pessoa onde ia para o cortar pentear à moda de Elvis Preisly. A família “Cidade” que era o merceeiro da terra, conjuntamente com outra, a família “Chaminé”. Também a família “Bessas” que se dedicavam à agricultura.

Quantas tantas “alcunhas e apelidos” temos mais pela Freguesia de Canidelo em Vila Nova de Gaia. Fica para a próxima, para continuar com esta saga.



João da mestra, 29 de Outubro de 2011

majosilveiro

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

CANIDELENSES - e outros - E NOSSA SENHORA DA BOA HORA

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CANIDELENSES - e outros - 
E A SENHORA DA BOA HORA



Eram, os CANIDELENSES, fervorosos devotos de Nossa Senhora da Hora ou Nossa Senhora da Boa Hora, conforme alguns preferiam referenciar, em tempos de que, reza a história, vinham a esta freguesia, antigamente com o nome de Bouças, isto desde a idade média, a cavalo – os mais ricos, - de burro, ou a pé, ou ainda em carros de bois, onde, aí, vinha a família, a colectividade, os idosos, enfim.

As memórias de um Povo não se apagam, portanto, daí, pela mesma razão e pela mesma ocasião, nas festas a Nossa Senhora da Hora, todos os anos no mês de Maio, os CANIDELENSES passaram a ir ao mesmo local, mas, já denominado de Freguesia da Senhora da Hora, isto, há sessenta anos, depois Vila e por último Cidade. Já não naqueles veículos rupestres, mas, de bicicleta a pedal, conforme eu uma vez o fiz, teria cerca de treze anos e, agora de automóvel que, é mais fino.

Procuravam, os peregrinos e os romeiros devotos àquela, uma boa hora para as parturientes que se achassem em estado de Graça, quer dizer, para aquelas fêmeas que, estando grávidas, estivessem prestes a parir. Isto hoje coisa tão rara que muitos se esqueceram já o que é ou como se faz! ! ! ! E, depois, existe também a pílula, para o homem, para a mulher, do dia seguinte, do dia anterior, da hora, até a do minuto; espera aí, aguenta – diz a catraia – deixa-me tomar o feijão -, pronto, já podes atingir o orgasmo, Nossa Senhora da Boa Hora me salve… e, se não salvar…, o erário público pagará o aborto. Mas, os velhos (eu prefiro chamar de idosos), os doentes e os reformados não têm médicos, não têm posto médico à altura, não têm hospitais à altura, não têm medicamentos nem materiais nos hospitais necessários porque já falta a verba e, PASME-SE que, os últimos ministros da saúde até mandaram fechar dezenas de maternidades dos hospitais, porque, não compensavam. As maternidades não rendem dinheiro, claro, não se podem vender ou exportar bebés. Portanto, vamos todos fornicar, a torto e a direito, que, depois alguém pagará a factura do aborto.

Também, eram muitos os forasteiros que procuravam as águas daquele manancial, do local onde se venera a Virgem Santa, na FONTE DAS SETE BICAS, porque, acreditavam, serem aquelas águas milagrosas para todos os males, desde o raquitismo nas crianças (que não comiam derivado à fome peste e guerras e à miséria em todas as épocas através dos tempos), às doenças como pestes ou febres; amarela, cor-de-rosa, azul, encarnada ou negra, (porque os antibióticos não existiam muito menos o dinheiro para ir ao médico – se tanto as pessoas iam ao curandeiro, ao feiticeiro, à bruxa ou a todos estes que tratavam também os animais, que, veterinários também não os havia), contra a bobónica, (que nenhuma mãe hoje conhece, porque, nem tão pouco conhece a bobó dos seus filhos, da parte do pai – noras! ! ! !) , enfim, para todos os males havia um remédio Santo, - água da Fonte das Sete Bicas.

Outra importante virtude da Água das Sete Bicas é que, jovem, feminina ou masculino, que a beba, de todas as sete bicas é a condição, tem cônjuge para casar de imediato, garantido. Isto é milagre com longos séculos de existência e, conhecidíssimo, daí aquela cantiga, Se Queres Casar, Anda Meu Amor à Fonte Comigo etc. etc. , que, eu agora não canto porque bebi a dita água, estava fresca e fiquei rouco, conforme andam todos os distintos chefes políticos de tanto berrarem (é uma força de expressão, que me desculpem, eu queria dizer gritarem) nesta campanha eleitoral que agora terminou.

Era tanta a afluência pela parte feminina na procura das águas para a consumação de casamento, que, era uma alegria que dava à vista eu ficar sentado em banco do jardim, ao lado da fonte, a apreciar todas aquelas donzelas…, bem…, às vezes donzelas com mais de sessenta ou setenta. Em todo o caso era sempre alegre, porque, diga-se de passagem, algumas de oitenta são melhores do que outras de vinte e dois, enfim.
Em todo o caso, desisti, devido a que, a clientela das águas mudou após a legislação da permissão de casamentos gay; primeiro, na procura das águas para casamento, depois, na procura das águas para a boa horinha na altura do parto.

Mas, se pretende conhecer a FONTE DAS SETE BICAS e as festas através de fotos e saber mais sobre os hábitos e costumes sobre as mesmas a Nossa Senhora da Hora que terminaram ontem, então veja o blogue;
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 Aos Caros Amigos Canidelenses, meus confrades e conterrâneos, digo somente, mais, que, não se desabituem de ir àquela Santa Festa, procurar as curas para os vossos males, conforme fizeram os nossos pais, avós, bisavós, trisavós e por aí adiante.

majosilveiro - João da mestra, 6 de Junho de 2011